sábado, 3 de maio de 2014

Cores de Sol




Ás vezes costumo; como quando antigamente se pegava nos empoeirados e bem guardados álbuns de fotografias, que nos escaparates lá de casa ou no fundo das mais fundas gavetas das Avós descansavam; fazer isto...
 
A minha Tia-Avó tinha um albúm desses, com fotografias a sépia e a preto e branco. Havia meia dúzia delas a cores. Fortes e saturadas. Quadradas. Datadas a esferográfica. 1978, 1979... Da minha Mãe ou do meu Tio. Nalgumas delas podia aparecer já o meu Pai de Sanjo bicolores e calças ainda à boca de sino. Tenho ideia de eu próprio estar numa delas com o inesquecível boné de bombazina castanho clarinho... Já no início dos anos 80. Ai os anos 80...
Essas terão sidos das últimas a acrescentar a este Álbum. Folhas negras, capa rija, pele cosida a linha verde e fotografias encaixadas em cantos de plástico. Papel fotográfico cortado em ondinhas. Bordeado...
Já tinha 94 anos e algumas fotografias eram da minha Bisavó Materna no início do seculo XX. Lavradora, lavadeira. Palmilhou quilómetros a pé com a minha Avó para vender nas feiras. Ela modista, solteira, quezilenta. Mão firme na agulha. Personalidade forte, orgulhosa... E dura até ao fim. Morreu de pé.
 
Hoje voltei a fazê-lo, mas nos estúpidos albúns novos, impessoais e esquecidos numa qualquer pasta do teu disco rígido ou num disco compacto, estragado irremediavelmente numa essa gavetas fundas...
Descobri estas duas da minha Vespa Vermelha que o Sol tardio de Agosto saturou e transformou num laranja inexistente na melhor paleta de tintas...

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