6h30. Depois de uma noite rápida e do saco apertado, siga! Era 6ª Feira e o dia raiava devagar... Rumei pela EN109 até à Figueira da Foz e depois da travessia do Mondego, o pequeno-almoço enquanto chegavam o Luís e a Catarina na PX200. Cafezinho para despertar e aquecer, o frio não era muito mas às 7h30 e o trajecto inicial... Primeiros momentos de conversa. Os depósitos ainda aguentam até Leiria e o Sérgio estava a passar ali bem perto na A17. Vespão Vermelho à frente como é costume (menor velocidade de ponta e 42 anos, com apenas 2 janelas, não se pode pedir mais à fiel Sprint) e continuamos na EN109. Primeiras curvas e chegamos a Leiria com trânsito compacto na horinha de ir para os trabalhos... Gincana no meio dos enlatados e lá estava o Sérgio à nossa espera.
Encher depósitos e estrada com as Vespa! Mais uns quilómetros, com passagem pela Batalha. Ao chegar a Rio Maior, paragem para localizar os amigos de Peniche; o Ni, o Tica e o Paulo lá vinham em direcção a Santarém e perto das 10h00, já na EN114 rumo a Coruche e ao centro do Alentejo, paramos para enganar o estômago. Os meninos com leitinho e café, com torradinhas e afins. Na montra estavam queijos de ovelha e não consegui resistir-lhes... -"Tem vinho tinto?" -"Sim." -"Então é uma tacinha!" Soube mesmo bem, até porque o pequeno-almoço já lá ia...
Em pleno Alentejo começamos a deliciar as vistas e as motinhas iam ligeiras. A típica paisagem alentejana começa a aparecer depois do almoço, em Montemor-o-Novo. Aqui a Bela da Bifana no Bar dos Bombeiros Voluntários e a Imperial (aqui pede-se um Fino e ninguém sabe o que é!)
Depois da paragem prolongada, apetecia uma sesta mas a estrada ainda era longa para o Algarve... Sempre a curtir, descobrimos umas curvas e iamos passando por pequenas localidades. Casas caiadas de branco e azul ou amarelo. Engraçado era o facto de dentro destas aldeias, à beira da estrada, ser em paralelo e mal saíamos do seu limite voltava o alcatrão.
EN2 - Santiago do Escoural - Alcáçovas - Ferreira do Alentejo - Aljustrel - Castro Verde. Só com paragens para "meter gota", as Vespa já levavam bons quilómetros.
Em Castro Verde cortámos para Ourique, para chegar mais rápido (mas por estrada menos interessante) a Albufeira, onde nos esperavam os incansáveis amigos do Vespa Clube de Lisboa.
No Ervidel, bem lá no meio do Alentejo, num posto de abastecimento de traça arquitectónica antiga e com um curioso painel publicitário em azulejo, acarinhamos a GTR do Paulo, que estava com manha. Descobrimos a história duma FL2 e duma XLS do engraçado agricultor que tinha o armazém ali encostado e onde guardava as meninas para "andar só ali à volta, não tenho os documentos em ordem, deram-me as Vespa e ainda estão em nome do "magano" mas não há-de ser por isso..."
Entrámos no Algarve pelo IC1. Com o perfume dos laranjais em São Marcos da Serra, São Bartolomeu de Messines e Tunes. Chegámos à Câmara Municipal de Albufeira para o Porto de Honra às 19h30. Sem stress de maior (apenas um furo na PX200 e a manha da GTR) e satisfeitos depois da tranquilidade de 507kms sem pressas...
Depois de rever os amigos e do bom lanche, com que a autarquia nos presenteou, fomos conhecer o Aparthotel Janelas do Mar onde o VCL nos instalou. De notar nesta recepção, os Licores de Poejo, Figo e Amendôa. Deixados os sacos nos aposentos, o banhinho soube bem! Jantar e passeio por Albufeira (muitos turistas embriagados e fantasiados como se o Carnaval aqui tivesse aterrado num voo Low Cost.)
Isto antes de uma "operação" ao Vespão. Pelo caminho sentia um vibrar estranho por baixo do estrado e não era mecânico nem o achei grave ou que incomodasse a condução. Mas o barulho em baixas era chato, verificámos depois de várias olhadelas que o apoio do escape no braço do motor estava partido. Alguma coisa se haveria de arranjar... Operação: Descobrir um autóctone. E lá estava ele, o Nélson-O-Verdadeiro-E-Gadelhudo-Pica-da-CP-Metálico-à-Moda-Antiga-de-Silves".
-"Olá Nelson, tudo porreiro?" -"Ya!" -"Olha meu, parti o apoio do escape, não se arranja aí uma máquina de soldar?" - "Não te preocupes meu, há-de desenrascar-se qualquer coisa! Nem que leves o escape da minha Veloce, deixas cá esse e segues com o meu, está limpinho e tudo! Já vemos se se encontra soldador. Amanhã é feriado..." Junto ao Aparthotel dois autóctones falavam: -"Eu tenho, vamos já lá a casa!" com sotaque francês e o Jorge levou-nos atrás da sua 50S (restauro DIY). É Taxista Turístico, nasceu em França e vive cá desde puto mas não perdeu aquele sotaque engraçado. Na oficina minúscula, minuciosamente arrumada tinha tudo, tudo mesmo. Puxa da mala de ferramentas, tirámos o escape e ele próprio o soldou com uma máquina de soldar automática! O Nelson apertou o escape, arrumámos a tralha da bancada e siga pró tacho!
Obrigado aos Algarvios! Foram logo super prestáveis e ainda serviram de Guias no meio da Panóplia de Neóns Coloridos, Freaks e Desfile Outros Personagens Bizarros, tal qual uma Mini Las Vegas do Degredo!
Depois de outro sono rápido e uma manhã fresca, um pequeno-almoço porreiro ali à beira de uma das piscinas do Janelas do Mar. Concentração das Hostes na Praça dos Pescadores, junto ao mar e às falésias para a fotografia da praxe. Discussão sobre acessórios de origem ou sucatices baratas, piadas, conversas em portunhol e convívio impecável. Enquanto recebíamos coloridos souvenirs e t-shirts alusivas a este Mítico Encontro Ibérico.
Almoçámos num Jardim de Albufeira uns petiscos de se lhe tirar o chapéu; (estava um Sol do catano!) Moelas, Salada de Polvo, Salada de Grão e Bacalhau, Febras, Pipis, (sai um Imodium p'rá mesa do canto!) Frangos de Churrasco, Bifanas e Chouriços, Feijoada de Choco e Xerém (petisco local - caldeirada de cricos (vulgo berbigão) com farinha de milho). Oportunidade para o Serra aparecer na TV e mostrar o chinelinho...
Seguiu-se um passeio até à Aldeia Paderne e a sua sassiadora Fonte de 3 Bicas, num tradicional arraial junto ao rio, com bombos e gaitas. Minis fresquinhas com um Pires de Rápidos Caracóis... depois de testar o coice da PX200.
À chegada do Aparthotel, onde fiquei com o Sérgio (não ressona!) num quarto gigante, tempo para apreciar as máquinas e a (acidentada no autódromo) Lambretta do Saraiva-Mete-Mais-Óleo-Mais-Tubo-E-Mais-Tinta. Experimentei a PX Rátátá do Kes (grande acelaração e excelente noise, dá mesmo gozo conduzir a Verde-Musgo-Com-Bué-De-Autocolantes!) e a Sprint do És-Bué-Da-Puto Calatróia e o seu kit indiano com bom disparo (comparando com as minhas duas janelitas...)
Preparados p'ró jantar e em fila, chegámos ao Verde Minho. (No Algarve?) Bom repasto; com os amigos de Peniche a tentar decifrar qual o peixe escondido no delicioso molho à base de tomate e pimentos, com saborosas batatinhas e brócolos. Regado com bom Vinho do Douro. (Porca de Murça no Algarve?) À simpatia dos garçons seguiu-se um lombinho de porco, arroz doce, salada de frutas e café. De recuerdo recebemos um Pote de Mel Algarvio.
Condução nocturna até ao 6º Parágrafo e o homem dos Corsage e da Two Tone Store, presenteou-nos com um bom som e os Javardolas a mostrarem o que valem na Pista/Aquário... Boas bebidas, convívio, alegria e o Red Bull a ajudar a colmatar o cansaço.
Regresso à Base e paródia no estacionamento!
Chegam "acelerados" dois jovens vespistas preocupados e apreensivos. -"Prendeu-se isto ali atrás... Não sei arranjar e agora amanhã? Vou ter de ir p'ra Fátima logo cedo!" -"Isso é carburador, tem lá uma cena presa. Amanhã tratamos disso, levantam-se um bocadinho mais cedo. Há aí mecânicos ou o Manel depois vê isso." diz o Nelson. -"Carburador?! Onde é que fica o carburador?" -"Meu! Isso é preciso desmontar a mota toda!" diz o irónico HugoGSOliveira! -"Heiii! e então amanhã? Tenho de ir p'ra cima!!" -"Se for grave levas a minha Rally!" termina o Nelson; "Chegas lá num instante, mas vais ver que isso se resolve amanhã num instante! Vai lá dormir e não te preocupes!"
Ficámos por ali na treta e entretanto chega o Manel, O-Mecânico-Da-Old Scooter... Soube da paródia e é logo a risada! -"Vamos arranjar já isso ao chavalo! Qual é a mota?" Abre balon e descobrimos que não era carburardor, mas o cabo do acelerador nas couves e todo esgalhado. Troca, serra cabos novo, fecha, está novo! -"Deixa aí o cabo velho e a conta!" O cabo ficou e a conta valeu pelo Ibero!!! Lindo!!
Arrumar a trouxa depois de mais um sono rápido... Pequeno-almoço no Mercado e as despedidas possíveis. Rumo a Norte pelo IC1 com 7 Scooters sempre a levar porrada grossa do vento!! Duro! Paragens apenas para "meter gota" e comer qualquer coisa. (Comprei uns queijinhos, um chouriço e um pão alentejanos, que são uma maravilha! E com o vinho que foi de Setúbal, na T5 do Serra e veio no Vespão até casa... Ui!!)
O Tica ficou sem a Veloce e foi de Expresso para Peniche (embraiagem teimosa) e ganhámos para a viagem de regresso a companhia de uma T5 e uma P125X, que se separaram de nós depois de Alenquer. Rumámos a Leiria sempre na monotonia do IC1. (nunca mais...) Valeu o chocolate quente no Ócio Lounge do Mauro e da Kait, com os suspeitos do costume e a companhia do Marrazes.
Deixei a PX200 na Figueira e segui com o Sérgio até à entrada da A17 no Ervedal, ele aqui rumou à Póvoa do Varzim e eu segui a EN109 até Ílhavo sem stress...
Depois duma 2ª Feira tranquila chego a casa, o Vespão no sítio habitual e a traseira muito baixa (?) Ohh Diabo!!! Furo lento... Já resolvido.
Pronto para mais 1000kms?! Siga!!
Obrigado ao VCL e aos seus incansáveis lutadores, em especial ao Serra e ao Máximo, ao Saraiva, ao Nelson e ao Jorge por soldarem o meu escape, aos meus companheiros de viagem, ao Vespão Vermelho e à minha Família que me aturam a maluqueira, bem como aos meus patrocinadores e amigos.
Muito bom! Grande viagem, grande espírito, grande relato. Um abraço
ResponderEliminarBessa
Tá muito fixe Barreto!
ResponderEliminare a cena do cabo está lindo! Foi memorável!
"E se de manhã acordares e tiveres um cabo de acelerador novo, isso é... IberoVespa"
Lindo!
Máximo
Bom relato!
ResponderEliminarFoi do caraças... repetia já amanha :)
ResponderEliminarSérgio
Mais um bom par de histórias na bagagem, com cabos & escapes na equação. Este ano vais a todas, Barreto!
ResponderEliminarGostei também do percurso que escolheram para sul e do curioso painel de azulejo.
Abraço!