quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O Outro Vermelho - V5



Esta foi uma motorizada mítica. É. E hoje dei umas voltas neste belo exemplar. Vermelha. Anos 60.
O João emprestou me a V5 para uns quilómetros e fizemos umas fotografias junto do Aquário de Bacalhaus do Museu Marítimo de Ílhavo. Vale a pena a visita. Experimentem.
 

A primeira sensação é que estamos ao comando de uma mota grande. A posição de condução imprime o peso do corpo para os braços, mas esta foi bem estudada ergonómicamente e não oprime.
 
O gesto de alçar a perna e ter o combustível quase junto ao peito ou dar ao Kick Starter assim desta forma foram sensações que não tinha há muito tempo. Habituei-me às Scooters... A direcção é firme e o acelarador coopera subindo rápido. A 3ª velocidade dispara como relâmpago! A engrenagem das velocidades requer habituação, principalmente nas reduções. Mas chega-se lá em pouco quilómetros.
A pequena motorizada mostra-se grande no momento de travar. A frente não vibra nem sequer afunda com a travagem firme, é segura e rápida. Está bem afinada. É dos modelos mais bonitos das V5 e as suas linhas já todos apreciaram.
Da minúcia dos irmãos mecânicos notam-se os pormenores que os caracterizam e o toque de quem conhece a cartilha e os mandamentos. O Pai deles conta-nos à porta da sua Oficina - que mantém aberta ali há mais de quarenta e tal anos - que de ouvir as motas e motorizadas a passar na Estrada, sabia só de ouvido qual era a sua maleita. Pudera... Cresceu a ouvir motores. O Pai deste octogenário já negociava no ramo e tinha a Oficina ali na EN109 no extremo Noroeste da antiga Vila.
 

Estas imagens mostram o que ao vivo se confirma de melhor maneira. E o João trata bem dela. A mesa da direcção e todos os cromados brilham num Sol envergonhado de Inverno e aquelas quadrículas que tanto fascinam, dando o look racing que caracteriza em particular este modelo, sempre luzidias. A mecânica sempre bem oleada e tudo a funcionar na melhor perfeição. Reparei nos pormenores dos símbolos do peculiar depósito e na sua tonalidade em sintonia com o fundo do Mostrador do Conta-quilómetros ou nos parafusos todos novinhos e em inox... Todas as borrachinhas e nos locais certos.
Quando se fazia, fazia-se bem. Em Anadia na SIS Sachs e em Portugal fizeram-se coisas destas e agora fazem-se restauros e recuperações de História como esta do Stand Vidal desde o Avô destes Irmãos.
 

1 comentário:

  1. Parece impecável. E marca o imaginário de uma geração - não propriamente a minha - , em que a indústria nacional era protegida.
    Lembro-me de, miúdo, ter dado uma volta numa V5 a pendura sem capacete (!), a sensação de velocidade e o barullho era tal que desconfio que aquilo deve ter marcado uns 100 à hora, sem qualquer segurança - quadro, suspensões, travões, pneus, tudo aquilo já era datado no tempo, olhando agora para trás. Enfim, inconsciências de outros tempos. Felizmente correu bem.


    Abraço,
    Vasco

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